Vimos na noite da sexta-feira, dia 19/02/2021, o efeito da fala do Presidente da República sobre a Petrobras, as ações de imediato caíram mais de 7% e quando foi confirmada a troca do CEO da empresa a derrocada das ações começou no mercado internacional.

Risco de intervenção

Esse é o maior risco de se investir em empresas públicas em todo o mundo, o governo pode intervir por qualquer motivo e levar a empresa a sérios problemas.

Em 2014 a então Presidente da República, Dilma Rousseff, também pressionou a Petrobras para segurar os preços dos combustíveis, para com isso maquiar a inflação e conseguir maior chance de reeleição.

Qualquer semelhança não é mera coincidência, pois, essa manobra sempre foi usada por políticos e enquanto existirem estatais continuará sendo usada para que o político da vez se mantenha no poder.

E os investidores?





Normalmente investidores de longo prazo evitam as ações estatais. Mas, como desde 2017 os investidores não viam uma intervenção tão direta por parte da política populista em uma empresa de grande porte, muitos fundos e investidores estavam alocados ou pensando em investir nesse tipo de empresa.

O que, ao se confirmar interferência política, gerou uma onda de saída muito rápida, que derrubou a PETR4 (ações PN da Petrobras) em mais de 20% na abertura do pregão do dia 22/02/2021.

Os investidores mais antigos já estão atentos aos desdobramentos que isso causa, principalmente por dados macroeconômicos mostrarem uma possível aceleração das taxas de juros e da tarifa de energia elétrica, com o IGP-M ainda muito alto, podendo gerar uma inflação muito grande.

Qualquer ameaça do governo de maquiar novamente esses dados será vista com muita desconfiança e afastamento dos investidores.

Novas intervenções

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, deixou claro que ainda vai “botar o dedo no setor elétrico” e com muitas chances de intervir também no Banco do Brasil. Se isso acontecer ainda nesses dias o nível de risco do Brasil aumenta a níveis próximos do governo do PT em 2014.

Os investidores, notando isso, passaram a sair da bolsa, derrubando o IBOV em mais de 5% no início do pregão de 22/02 e correram para o mercado exterior. O dólar iniciou o dia subindo mais de 2%, o que, em um cenário normal, será mais um peso sobre o preço do combustível e se a Petrobras não repassar, saberemos que, sim, está tendo intervenção forte do governo.

O Governo nega




O governo disse que a troca do CEO da Petrobras era prevista, porém, para o mercado a forma como foi feita mostrou a intervenção ou uma tentativa de intimidação do governo para com os diretores da estatal.

O silêncio do Ministro da Economia, Paulo Guedes, está deixando o mercado apreensivo, já que sem notícias dele não podemos entender os próximos passos econômicos do governo.

A CVM ainda não se pronunciou se vai abrir processo contra o Presidente da República por ter criado uma demanda no mercado por falar de decisões políticas que influenciam a cotação das ações, a última vez que um presidente teve que se explicar a CVM foi em 2015 quando foi comprovada a manipulação de preços do combustível pelo governo de Dilma Rousseff.

Inflação e governabilidade

Que a inflação está alta isso já é perceptível, e se ficar confirmada a intervenção do governo, será dado indícios de uma maquiagem da inflação.

Na quinta-feira, 18/02, o Banco Central lançou um estudo mostrando que se espera um aumento da inflação além da meta e que será necessário um aumento da taxa Selic para barrá-la.

Já no mesmo dia, o Credit Suisse lançou a previsão da inflação do Brasil chegar a 7,91% no fim de 2021, o que seria quase quatro vezes maior que a taxa Selic atual, podendo colocar o Brasil em um risco de hiper inflação.

Com a crise internacional do petróleo e o aumento do dólar pressionando vários setores da nossa economia, é de se esperar que o governo soubesse que os ajustes do combustível iriam continuar no curto período com viés de alta. Por isso uma tentativa de intervenção não é descartada.

Porém, segurar os preços não é o melhor para conter a inflação, a história conta isso diversas vezes, o pior é que gera mais inflação com juros para ser pago em breve, é como se o governo estivesse pegando um empréstimo com o dragão da inflação, e você sabe quem vai pagar essa conta?

Você, eu e todos os brasileiros.

Como se proteger

Para se proteger das intervenções que possam vir a acontecer é simples, não invista em estatal.

Para se proteger da inflação eu deixei um texto aqui que está mais atual do que nunca, recomendo que você leia com atenção: https://www.majestyescoladefinancas.com.br/a-preocupante-inflacao-em-2021-saiba-como-se-proteger/





David Rocha é Assessor de Investimento (AAI- ANCORD) e Educador Financeiro; Autor do Livro: Tesouro Direto – Um Caminho para a Liberdade Financeira.