Olá, investidores, tudo bem?

Recentemente algumas empresas declararam um programa de recompra de ações.

Esse é um mecanismo que elas usam para reduzir o número de ações em circulação. A lei brasileira permite que as empresas utilizem parte de seus lucros para recomprar ações e isso é muito interessante para todo investidor em Valor.

 



Recentemente grandes empresas do Brasil, como Ambev, Bradesco e Cielo, lançaram nota ao mercado dizendo que iriam começar seu programa de recompra de ações.

Você pode até estar se perguntando por que essas empresas iriam querer recomprar as ações?

O que é uma ótima pergunta. Para respondê-la, vamos antes ver um pouco da filosofia de valor sobre isso.

Benjamin Grahan, considerado o pai da filosofia de valor, deixa claro no livro O investidor inteligente que o investidor deve se atentar a quem está comprando ações daquela empresa que ele pretende investir.

Por que isso? Imaginemos que se tem alguém que sabe que a empresa pode ir bem é o executivo que trabalha nela, por exemplo, o CEO.

Veja como alguém assim comprar ações da empresa é interessante, já que, por diversas razões, um executivo pode vender suas ações, por exemplo, ele pode estar precisando de dinheiro para arcar com algum compromisso.

Mas, um executivo só irá comprar quando sabe que a empresa está descontada no mercado, ou seja, o mercado está vendendo muito barato as ações da mesma.

Isso faz com que algumas empresas resolvam comprar suas ações, pois elas sabem o valor que têm.

Isso é um bom sinal, pois, se a empresa está com perspectivas ruins ela não compra as ações, mas quando as mesmas estão muito baratas e a empresa sabe que vale mais, ela recompra.

Ok, mas, quais são os efeitos disso? Você pode estar pensando.

O investidor tem muito a ganhar com isso, vejamos um exemplo:

Imagine uma empresa que tenha 1 bilhão de ações no mercado e lança nota dizendo que vai recomprar 10 milhões.

Isso quer dizer que ela tirará de circulação 1% do total de ações que tem no mercado.

Como tem menos ações agora em negociação, automaticamente elas passam a valer mais, e como isso foi noticiado antecipadamente, as pessoas passam a comprá-la para aproveitar esse aumento exponencial, fazendo com que quem já possui as ações possa ver seu patrimônio crescer rápido.

Mas temos ainda uma segunda vantagem muito grande, que são os dividendos.

Imagine que ao reduzir o número de ações no mercado o dividendo por ação que você já possui aumenta, sem que necessariamente você precise aumentar sua posição em ações ou que a empresa tenha tido um lucro maior, o que é provável que aconteça já que ela está recomprando ações.

Por exemplo:

Imagine que uma empresa vá distribuir R$ 500.000,00 em dividendos, se ela tem 1 bilhão de ações isso representa um dividendo de R$ 0,50 por ação.

Mas se a empresa reduz o número de ações e mantém o valor do dividendo, quer dizer que ela fica com 990 milhões de ações para dividir os 500.000,00 de dividendo. O que representa: R$ 0,51 por ação.

Um aumento de 2% no dividendo total que você receberá, sem que você tenha feito nada e esse aumento começa a ser substancial à medida que a empresa vai pagado mais dividendos com o passar do tempo.

“Ah! então vou correr para comprar essas ações logo e aproveitar a recompra.”

Se você está pesando assim, tome cuidado!

 

Pois, o mercado já sabe que ela vai passar por isso e vão comprar realmente, mas o investidor deve pensar bem antes de fazer isso.

Estude a empresa e veja se compensa ou não entrar, nunca entre em uma operação apenas por um único dado favorável.

A história conta que esse processo é interessante para os investidores de valor, mas um investidor da escola de valor não vai comprar ação alguma sem antes estudar a fundo a empresa.

Esse é um assunto importante e tem diversas variáveis, para que fique mais claro, fiz um vídeo falando sobre isso, recomendo que o assista com atenção:

 

Vídeo abaixo:

 

 

 




David Rocha é Assessor de Investimento e educador financeiro. Autor do livro: Tesouro Direto – Um caminho para a Liberdade Financeira